Era setembro de 2011. Tinha algo muito errado na minha vida. Eu escolhi voltar para Paris. E o que aconteceu comigo quando eu cheguei em Paris para ser escritora?

O contexto:

Eu estava na cidade de Marília. Tinha voltado ao Brasil para terminar a faculdade de Relações Internacionais na universidade pública, mas por algum motivo, não sentia que era aquilo. Eu aguentei uma semana na faculdade. Uma! Entrei no carro e vim embora. Não era aquilo que eu queria para mim. Eu tinha perdido a fé na profissão que eu tinha escolhido: diplomacia. Tinha visto outras coisas, outras maneiras de vida; um campo de possibilidades se abrira para mim mas sobretudo, eu tive contato com escritores que ganhavam a vida e exerciam a carreira da escrita tanto de maneira autônoma (através da autopublicação) quanto tradicionalmente publicados. O universo tinha me mostrado que era possível. Eu só tinha que tomar a decisão. A verdade é que eu já tinha tomado a decisão há meses: eu só precisava tomar a coragem de tirá-la de mim.

A volta para Paris e a saída do armário:

Deixe-me ser bem clara aqui: sair do armário aqui não tem nada a ver com o armário sexual. Estou falando de me assumir como escritora que era o que eu sempre quis fazer. Eu saí do armário quando decretei que queria ser escritora e viver disso. Era algo que estava guardando para mim mas que queria ser. E por mais libertador que tivesse sido largar tudo para me consagrar ao que eu queria, ao que dava sentido para a minha vida, o simples fato de ter pronunciado isso fez o universo pôr toda a sua atenção na minha pessoa e começar a enviar agentes para me testar: dentre amigos e conhecidos e familiares dizendo-me que eu não tinha que jogar a minha vida fora, o universo enviou-me uma das maiores provações da minha vida. E foi isso o que aconteceu comigo quando eu cheguei na velha Paris.

crowded street with cars along arc de triomphe

O que aconteceu comigo quando eu cheguei em Paris para ser escritora:

Você já ouviu dizer que a vida é uma escola? Que se você quer mesmo algo tem que lutar pelo que quer? Pois bem. A vida enviou-me uma das maiores provações pela qual eu podia passar, das quais eu ainda tenho resquícios em mim, e o qual, eu creio, apenas um processo de cura espiritual intenso, pode me ajudar. Atualmente, eu reconectei-me com o meu corpo e uso a acupuntura, a meditação e o yoga para me tratar. Mas nem sempre foi assim. Eu fiz apelo à medicina tradicional: fui ver quatro médicos diferentes em Paris e todos me disseram a mesma coisa: está na sua cabeça.

woman in black leather jacket sitting on brown wooden floor

Mas então que diabos aconteceu? Eu fiquei louca em Paris, vendo coisas, trombando com postes, arrastando-me pela rua. Agora é fácil pronunciar essa frase “eu fiquei louca”, mas eu demorei quase cinco anos para conseguir. E ainda existem passagens da minha vida cujos contornos eu ainda não consigo discernir direito porque estão embaçados, como a minha razão estava naquela época.

Coisas de escritor, você vai me dizer. Talvez! O que eu sei é que dessa experiência, nasceu o meu livro Cidade das Mandalas. Ele nasceu de uma experiência mas cresceu de uma motivação: a de ajudar as pessoas que estavam sofrendo do mesmo que eu, como eu escrevo no artigo Escrever para transformar. Hoje eu posso dizer que a escrita foi o que me ajudou a reerguer, a ver mais concretamente e sobretudo a entender a mensagem que Paris estava me dando: o meu mundo exterior era um reflexo do meu interior; se eu estava com a impressão de que as ruas em Paris mudam de lugar, é porque talvez quem estivesse fora do lugar era o meu próprio eixo.

E você? Qual foi o poder da escrita sobre você? Onde foi que ela o ajudou? Coloque aqui nos comentários.

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