A pedidos…
Construir um mundo não é fácil. Se quando você escreve, atua como um deus na sua história, mudou uma cena no início, mudou o final, saiba que ao construir um mundo fictivo, você é o DEUS e cada coisa que você decretar vai ter um impacto irreversível nos habitantes desse mundo. Para prevenir a correção contínua e os seus cabelos em pé, vamos estabelecer algumas regras antes de você começar a escrever sobre um mundo na ficção:

1) Passe pelo menos (leu bem? pelo menos) 1 semana desenvolvendo o seu novo mundo. No meu caso, o Mundo das Mandalas foi criado em 3 anos. Em 2014, todos os dias, eu ia ao Starbucks em Paris, onde passava horas escrevendo e imaginando esse mundo. Acho que o único motivo porque não me botaram para fora foi porque é essa a política do Starbucks. Reconheço que não era a melhor cliente ocupando durante 6 horas uma mesa para 4 (meus cadernos e computador espalhados) e consumindo, nos meus melhores dias, apenas 3 cafés dos mais baratos (escritor é falido mesmo). Meu começo em Paris não foi dos melhores financeiramente. Quer conhecer, confere o meu post no IG. Quando eu mudei para a Bélgica em 2016, construía o meu mundo num café antes de ir ao trabalho. Entre as 6 e 7 da manhã, eu chegava. Levava meus cadernos e canetas, pedia um croissant, um capuccino e me esquecia lá até as 10 da manhã, quando entrava no trabalho.

2) Pense em tudo: aspectos físicos, leis de funcionamento, personagens, animais… Não deixe nada de fora. Não esqueça de que mundos são tão complexos quanto o no qual vivemos. Também têm formas de governo, habitantes, leis, animais, pessoas, objetos… 

3) Responda à pergunta: Qual a razão de existir desse mundo fictício? Por que você o cria? Além do fato que você o está vendo na imaginação, eu acho válido se perguntar o que se quer transmitir com esse mundo. Isso vai ajudá-lo a estabelecer uma premissa universal. No Mundo das Mandalas, foi o meu amor pela yoga e a busca pela cura após as minhas crises de pânico em Paris. Contigo, autor, o que é?  

4) Para ter impacto no leitor, um mundo fictício deve espelhar a realidade dentro de um mundo de fantasia que lhe permita escapar. Ou seja, dentro do seu espaço mental, fora da realidade dolorosa da sua vida, o leitor deve encontrar um eco com a sua realidade. Isso se faz de algumas maneiras, veja aqui uma lista não exaustiva:

  1. A possibilidade de sonhar e o encantamento do leitor: um mundo novo, assim como todo bom livro que mantém o leitor grudado e interessado: além do mistério de quem matou quem, o que vai acontecer e essas revelações, do ponto de vista mais “subliminar” um bom texto nunca cessa de ENCANTAR o leitor. Com um mundo fantástico é igual.
  2. O mundo expõe problemas da realidade (exemplo, no Harry Potter, existe uma alusão muito forte ao preconceito e ao racismo; em Games of Thrones, além da briga política por territórios, os livros expõem incesto familiar e orfandade; em Senhor dos Anéis, fala-se sobre o tamanho do mundo comparado ao dos Hobbits, o valor da amizade sincera e que jamais se corrompe, mesmo quando o seu melhor amigo está tão possuído pelo anel que ameaça matá-lo).

Alguns pontos para se pensar quando você estiver a construir um mundo. A que se parece o mundo que você está construindo? Boa sorte. 

Para receber o meu livro “Como escrever um livro em 3 meses” de maneira gratuita, clique aqui.

Leia mais sobre o processo criativo no artigo Como criar personagens verossímeis.

2 comentários em “Construindo mundos

  1. Me peguei pensando sobre o que transmitir com o mundo criado, um tipo de analogia talvez, algo que vá além do eco entre a vida real e a ficção.

    Muito útil e prático de captar as informações. Do jeitinho que eu gosto ^^

Deixe uma resposta