A dica para escrita de hoje é a ilusão literária. De fato, ela serve dois propósitos diferentes. O escritor bom sabe que, além de um artifício para manter o leitor grudado na leitura, ou seja, uma técnica de escrita, a ilusão deve ser obrigatoriamente criada para se obter uma boa história. Caso o efeito de ilusão não seja criado desde as primeiras linhas, o escritor pode dar adeus ao seu leitor. A probabilidade que este abandone o livro é grande. Um outro espetáculo que criou um efeito de ilusão maior o seduziu antes.
Os desafios do escritor ilusionista
Comecemos pela ilusão como efeito geral que uma história deve criar. Por que ela é tão importante? Simplesmente porque ela servirá de tobogã pelo qual o leitor escorregará para dentro da história. A ilusão é o principal instrumento de imersão do leitor.
Ora, num mundo de realidade virtual, criar o efeito de ilusão, com imersão total do leitor, é um desafio em tanto. Sobretudo quando os escritores ainda não dominam inteiramente as técnicas de escrita. Simples palavras no papel, de preferência bem arranjadas entre si, devem supostamente criar um efeito de realidade dentro da história na qual o leitor se projeta. Isso se faz, sobretudo através de (lista não exaustiva):
- bons personagens
- boas descrições
- escrita equilibrada e fluída
- ritmo narrativo
- verossimilhança diegética (relativa à narrativa)
- banda sonora e musicalidade cênica
- dramatização

Descrição a serviço da ilusão
Não é propósito deste artigo falar sobre a descrição. Apesar disso, eu quero deixar uma nota de precaução para os escritores. Ainda que a descrição seja considerada necessária – mesmo imprescindível – para cenários elaborados, como os de fantasia, por exemplo, uma coisa é fato. A descrição deve trabalhar a serviço de dois aspectos.
Primeiro: a descrição trabalha a serviço do avançar da história. Caso o elemento descritivo escolhido pelo escritor não fizer avançar a intriga, ele deve ser cortado. Segundo: a descrição trabalha a serviço da criação da ilusão.
Ilusão literária: uma dica para escrita
Estudemos agora como a ilusão pode ser empregada pelo autor como artifício literário no âmbito da sua escrita. Ou seja, a ilusão como, ouso dizer, uma figura de linguagem.
Três tipos de ilusão:
Existem três tipos de ilusão literária que o autor pode usar em seu texto. A ilusão visual, a ilusão tátil ou a ilusão auditiva. As três funcionam segundo o mesmo mecanismo de despistagem do leitor e funcionam bastante bem para manter a atenção do mesmo sobre um determinado elemento cênico.
Exemplo de ilusão:
Um exemplo de ilusão táctil, sonora e visual em um mesmo texto:
A luz em minha vida se apagou.
Nayara Lemes, Ilusão, clique para ler o texto integral
Estendi as mãos para tatear o escuro e encontrei à minha frente um objeto. Tinha uma superfície lisa e dura. Era roliço em baixo, plano em cima. Estava frio contra a minha mão quente que tremia. Eu não sabia o que era. Tudo estava escuro. Não enxergava.
Acariciei-o sem malícia.
Alguém gemeu ao meu lado.
Explorando a minha descoberta, minhas mãos subiram e desceram.
O que era aquilo?
No auge dos meus oito anos quando tive essa experiência, eu era incapaz de entender. Não tinha tanto interesse naquilo. Como poderia saber o que era?
Mesmo assim, ainda criança, disseram-me que não deveria… que era mal…
Hoje, chegando na trintena, ainda não entendi bem do que se trata, esse ato, esse vai-vem dos adultos, porque no mundo deles é tudo tão confuso.
Ali, naquela sala, não havia fonte alguma de luz. Mas alguém à minha volta suspirava enquanto eu descobria aquele objeto estranho.
Colocando as mãos no bolso, encontrei uma pequena caixinha de fósforos. Acendi um que queimou até o fim.
O misterioso objeto que tinha nas mãos revelou-se e era um simples espelho.
Olhei para o lado. Eu ouvira o eco da minha própria dor quando o fósforo queimou meus dedos.
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