Autor é autor e não marqueteiro.

A verdade é que se nós quiséssemos ir vender coisas, teríamos optado por outra profissão que não a de autor. Quando eu lancei o meu livro Cidade das Mandalas, essa foi a parte que mais me desanimava: como cazzo vender o meu livro? Mas, para mim, era ou me especializar na venda ou voltar para o sistema e fazer esses tipos de trabalho que não me davam prazer nenhum (eu digo abertamente, trabalhei como pesquisadora de marketing e depois no aeroporto de Bruxelas). Detestava ambos os trabalhos porque sentia no fundo de mim mesma que não estava contribuindo como queria para o avanço da nossa humanidade.

Assim, vendo que se eu quisesse ser independente e livre, teria que buscar alternativas para fazer a venda dos meus livros. Neste artigo eu vou partilhar as técnicas que eu encontrei e que testei e que têm se revelado eficaz para mim.

Primeiramente, é preciso esclarecer um ponto crucial: quando um leitor compra um livro, ele busca a resolver um problema. Essa é a premissa fundamental de todo marqueteiro: um produto vende porque resolve um problema. Vende bem porque resolve bem o problema. Vende mal é porque não resolve porcaria nenhuma.

Assim, a questão que você deve se colocar quando vai escrever um livro é uma questão de mercado: que problema eu vou resolver com o meu livro? Uma vez esclarecidos os seus objetivos com aquele livro, podemos entrar nas técnicas de venda mencionadas. 

Falemos primeiro sobre a não-ficção, porque esta é a mais fácil. A não-ficção resolve muito claramente um problema específico. Por esse motivo, ela se vende mais fácil. Exemplo: o livro “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, um conhecidíssimo de todos. Esse título é muito claro tanto para quem compra quanto para quem o livro se destina quanto ainda para o conteúdo do livro. A ficção, contudo, grita na nossa cara: que problema eu resolvo?  

A primeira coisa que eu pude constatar é que a ficção permite ao leitor se evadir primeiramente da sua realidade, segundo da sua vida própria, porque ao ler uma história, (quando bem contada) o leitor entra na pele do personagem e experiencia o que ele está vivendo. Nesse contexto, deve ser a preocupação primeira do autor de ficção o seu leitor e a sua possibilidade de escapar. Por esse motivo, o livro deve ser o mais real, palpável e tangível possível. 

Assim, eis aqui algumas estratégias que funcionam ( e que não são o mesmo blábláblá que a gente está cansado de ler e que não funcionam para novos autores num mercado saturado – criação de um título atraente, promoção gratuita, propaganda no fb etc).

  • Criação de uma lista de leitores

A curva de evolução da minha atividade começou a mudar desde que eu comecei a investir numa lista de leitores. Isso porque eu pude ter uma verdadeira noção do comportamento dos leitores face ao que eu tinha a dizer para eles.

Estudando de perto vários autores auto-publicados, conduzindo entrevistas com eles, TODOS eles me disseram a mesma coisa: começa uma lista de leitores. Eu demorei mais de um ano para implementar esse conselho, mas ao tomar a decisão, eu comecei a ter uma ideia concreta da curva de crescimento da minha audiência de leitores. Por isso, comece uma lista de leitores.

  • Investir numa comunidade

Esta foi a segunda ferramenta poderosa que todos os autores foram unânimes ao me dar: invista no poder de uma comunidade. Pessoas que te escutem e que estejam prontas a reagir/se manifestar quando você fala algo. 

  • Automatização da lista de leitores

Outra ferramenta que eu aconselharia aos autores novos e que já estão no trem é: automatize a sua lista através de e-mails para que ela trabalhe por você. Isso lhe dará flexibilidade e liberdade porque você poderá se concentrar em outras tarefas mais excitantes que não seja ficar mandando e-mails. 

Vale lembrar, autor, que se você tem por almejo verdadeiro tornar-se um autor conhecido e viver da sua paixão pela escrita, vai precisar de uma coisa: muita paciência pra quebrar o enorme tabu que existe na cabeça dos leitores: a ideia de que autores auto-publicados no Brasil não são bons. Não se esqueça de que cabe a você oferecer um livro de qualidade que dê ao leitor o que ele está buscando: aprender, instruir-se ou fugir da sua própria dor. Tenha também sempre em conta que uma história deve em permanência ENCANTAR e que o objetivo final de uma história é a transformação do leitor.

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2 comentários em “Técnicas de marketing para autores

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