Chegamos ao final de 2021 e não somente a minha vida como o mundo mudou. Eu larguei o meu trabalho no aeroporto internacional de Bruxelas, onde eu era infeliz e não via perspectiva alguma de avanço, e fui me dedicar à atividade de autora a tempo completo.
Eu estava voltando de um vôo de São Paulo, passando por Milão quando a pandemia estourou. Tinha tomado férias de 3 semanas para ir ver a minha avó que havia dois anos não via. Nestes dois anos, ela teve dois acidentes cardiovasculares e estava com dificuldades de se movimentar. Eu tinha que encontrar um jeito de ir vê-la. E como uma intervenção do divino, eu fui vê-la pela última vez antes do seu falecimento, em julho do ano passado.
Tanta coisa aconteceu neste ano em que eu virei escritora e as lições que eu vou partilhar aqui não são unicamente sobre a escrita, mas sim como a escrita me manteve focada, sem me deixar abalar pelos movimentos do mundo nesses dois anos que passaram.
Primeira.
Quando chega a hora de escrever um livro, o caminho se abre por magia
Nunca tem tempo certo para nada, mas quando a sua hora chegou, o caminho se abre como por magia.
Eu pedia a qualquer que fosse a força aí para poder enfim escrever meu livro. A história do Cidade das Mandalas estava na minha cabeça havia seis anos. Ela já estava madura, pedindo para sair, mas eu não encontrava a força para fazê-lo com o trabalho estressante do aeroporto. Eu sentia as raízes começarem a apodrecer dentro de mim porque esta história queria sair, queria existir e eu não encontrava força nem espaço mental na minha vida para escrevê-la. O trabalho em Zaventem era muito forte para mim. E quando o mundo inteiro se silenciou, eu senti os espíritos soprando no meu ouvido que aquela era a minha hora. Eu soube que tinha que começar. E comecei antes mesmo de tudo acontecer. Dois dias antes da pandemia, eu apanhei aquele calhamaço e comecei. Eu sentia medo daqueles escritos. Eles tinham causado muito sofrimento no passado, em 2015 quando eu durante um ano inteiro, trabalhei sem cessar na construção da história. Foi quando eu aprendi a lição mais valorosa destes últimos dois anos sendo autora.
Organização é tudo quando se quer escrever um livro.
Desde o plano esqueleto da sua história, ao balanço do texto, ao planejamento do seu dia e o seu calendário de conteúdo, planejar é o grande regente da atividade de escritor, bem como o maior responsável por nos manter nos trilhos, sem desviar a nossa atenção.
Assumir a cabeça de uma empresa é mais do que um grande passo. É o início da materialização da sua atividade profissional.
Aconteceu comigo em julho de 2021. Eu abri a empresa, Nayara Lemes, autora, que escreve, edita, publica e fornece mentoria a outros autores. Quando eu abri a conta no banco, senti um arrepio que me confirmou que o que eu sonhara a vida toda estava se concretizando. E incrível como desde que eu abri a empresa, foi como se também tivesse aberto uma porta invisível que me permitiu avançar mais perto do meu objetivo. E eu tenho sentido isso cada vez que me engajei, que firmei um compromisso para a minha empresa, por exemplo, o pacote do Mailchimp, o do Canva e até mesmo um curso de mentoria em marketing.
O dinheiro ainda é uma energia que estou aprendendo a manipular, mas quanto mais a gente se desprende dele e o coloca para circular, mais ele vem para nós.
É algo muito surreal que eu nunca tinha experimentado antes, sendo sempre assalariada e jamais tendo pensado, sequer cogitado a ideia de ser empreendedora.
Delegar é a porta para a produtividade.
Eu vejo isso em todas as empresas nas quais as pessoas trabalham de maneira errada, ou seja, fazendo tudo elas mesmas e terminando o dia completamente vazias e desprovidas de energia. Delegar é não apenas uma maneira de ganhar tempo, de poder se consagrar ao que realmente importa como também uma maneira de valorizar alguém que faz um trabalho muito bem, talvez até melhor que você. Explico: quando eu comecei, achei que podia eu mesma fazer o proofreading do meu livro, achei que teria o recuo necessário e que meu português era forte o suficiente. FALSO! E eu recebi esse tipo de crítica dos leitores. No mesmo momento retifiquei o erro e avancei.
Eu tenho o sangue empreendedor.
Vinda de uma família de empreendedores, que a vida toda caiu e se reergueu, eu sinto o maior orgulho deles, mas durante a vida toda, não sentia que falava a mesma língua empresarial. Ao abrir a minha companhia, isso não só se revelou uma falsa assunção como a minha genética bateu forte e eu me vi empoderada de uma mentalidade que jamais achava ter: a de empreendedora.
Crítica negativa é conselho editorial gratuito.
Eu tenho um artigo inteiro sobre isso, chamado Peitando a crítica negativa. Sempre peço para os meus amigos darem a sua opinião sobre algo que eu escrevi. Ao vê-los hesitar, é aí que forço. Se eles estiverem desconfortáveis, sei que devo pressionar um pouco para extrair o soro da verdade. É isso que eu busco, é isso que eu quero e essa é para mim a melhor maneira de melhorar. Ouvir o público, ouvir o leitor. Quem ainda não entendeu, está tomando chá de amadorismo.
Pois aqui estão as grandes lições. Eu tenho certeza que têm outras que ainda vou aprender, mas estas são para mim as mais importantes. E você? Qual foi a mais importante que aprendeu ao longo deste ano? Você também começou uma atividade nova? Conte-me nos comentários.
Precisando de mais dicas sobre como ser autor-empreendedor? Confere aqui O Jornal dos Autores onde eu partilho outras experiências e dicas.
Parabéns pela sua coragem, você tem muito talento. Bjs
Obrigada Adri. Parabéns a ti tb pelas suas conquistad 🤍 que venha 2022