Você decretou que é escritor. Que maravilha. Parabéns. E agora? E agora eu lhe digo: prepara o guarda-chuva que vai ter muita gente caindo no seu colo lhe dizendo que deve escolher outra profissão porque ninguém ganha dinheiro com livros. (Ahn, quem disse que estou interessada em dinheiro mesmo?) Ahan, sei! Qualquer que for a sua motivação, ao decretar que é escritor, você vai sofrer. Prepare-se para adentrar um mar de negatividade que (noticia boa!) Eu quero mudar com esse artigo.

Decretando que é escritor. Ponto!
“Escritor nem é profissão.” Já disseram isso a você? Comigo foi a vida inteira.
A vida inteira ouvindo que ninguém ganhava dinheiro com livros (aliás isso era impensável) e que se eu quisesse escrever… bom, melhor seria nem começar. Mas tem uma hora que o apelo do coração é maior do que tudo.
Em 2011, depois de ter passado um tempo na França, eu estabeleci uma resolução na cabeça: iria virar escritora. Estávamos em agosto de 2011. Eu não encontrei o assunto do meu livro até 2013, dois anos depois, quando fui tocada por uma experiência transformadora. E desde aquele ano, eu passei a desenvolver o meu livro, sem saber exatamente onde eu queria chegar, o que sairia dele. Eu tinha o gênero, alguns textos prontos (nenhuma maneira de conectá-los) e um trabalho meio-período de pagamento mísero mas que me dava o tempo que eu precisava para escrever.
Durante seis anos eu desenvolvi a história, criei os personagens e criei a trama. A primeira vez que tentei escrever, a ideia foi tão intensa que eu perdi o movimento no braço direito e durante seis meses, fiquei paralisada do lado direito. A paralisia tocou na minha corda mais sensível: eu não sabia se poderia voltar a escrever um dia.
“…eu perdi o movimento no braço direito e durante seis meses, fiquei paralisada do lado direito. A paralisia tocou na minha corda mais sensível: eu não sabia se poderia voltar a escrever um dia.“
Foi com a pandemia que eu sentei a bunda na frente do computador e vomitei o Cidade das Mandalas, meu primeiro livro. Digo isso porque aquela ideia já estava formada na minha cabeça há algum tempo porque eu trabalhei nela durante seis anos, todos os dias, conhecendo os personagens, escrevendo e conversando com eles, criando aquele universo onde a gente vê na realidade exterior o que está dentro da gente. Tudo o que eu precisava era de um momento de tranquilidade mental para poder escrevê-lo.
E eu o fiz porque sentia que aquele era o momento certo. Tinha uma vozinha na minha orelha sussurrando, dizendo que se eu não o fizesse naquele momento, a coisa jamais veria a luz do dia.
E foi assim que eu me motivei. Todos os dias, desde o início de março até junho quando eu enfim coloquei o ponto final e enviei o manuscrito para os leitores beta.
Não foi fácil. Eu precisei de muita força de vontade para enfrentar os meus demônios, os que saíram durante o processo de escrita desse livro, contornar aquelas vielas literárias e escrever o bendito livro.
Quando eu vi o Cidade das Mandalas pronto, tive um sentimento inexplicável de dever cumprido. E foi o ponto de partida do que precisava para decretar que era escritora e que ninguém tiraria aquilo de mim.
Vida de autor: faça acontecer
Eu abri a minha empresa de livros na qual trabalho todos os dias, incansavelmente, para construir o meu legado para o mundo. Eu já ajudei no total algumas centenas de autores que todos os dias me dão sorriso no rosto ao deixar um like nos meus posts, comentar e fazer perguntas.
Tudo isso, eu sinto, porque eu coloquei o ponto final naquela frase: eu sou escritora. Está decretado. Ninguém mais tira isso de mim.
E você? Quando vai decretar o que quer?