Vinte e dez tons de sexo: A minha opinião sobre a JK Rowling e a comunidade LGBT

Na semana passada, uma leitora do meu blog veio falar comigo porque ela gostava muito do que eu escrevia mas, pertencendo à comunidade LGBT, não pôde deixar de notar todas as vezes que eu citava o nome da JK Rowling. Ela me disse que não tinha percebido desde o início e foi com o comentário de dois amigos que ela enfim percebeu. Segundo a leitora, não ver de cara era também uma surpresa para ela, que cresceu lendo Harry Potter. Ela ainda me perguntou qual era a minha opinião sobre a escritora e se eu apoiava o movimento LGBT. Então, eu lhe prometi que faria um post de blog explicando o que eu pensava sobre o assunto.

Para aqueles que não sabem, a JK Rowling é a escritora do Harry Potter e de um ano para cá, ela posta com certa frequência nas redes sociais comentários ofensivos à comunidade LGBT.

Antes de tudo, a mensagem dessa leitora me fez abrir os olhos, não para a discussão no Twitter, mas sim para um caminho novo para mim e, por isso, eu gostaria de agradecer-lhe e aos seus amigos. Explico melhor: este blog se volta para o futuro, cheio de autores que têm uma mensagem de impacto positivo no mundo. O tempo da JK passou e ela escolheu permanecer no passado. Fazendo comentários desse tipo ela permanece no passado. Como eu disse, foi escolha dela. A consequência disso tudo para o blog é deixar a JK Rowling no passado e olhar para frente, citando e estudando novos autores, guardando apenas no fundo do pensamento o eco da referência que a JK foi para mim durante a minha infância.

Por que eu tomo essa decisão?

Escolhendo o caminho do discurso pacífico:

A proposta do blog é escrever pela paz e pela transformação. Por isso, eu exprimo desde já o meu amor por todas as pessoas, inclusive mulheres e homens de qualquer whatever. Somos todos gente, respirando o mesmo ar. No fundo, essa questão de gênero para mim nem faz diferença. O que importa é que somos gente, pouco importa o acessório. O nosso amor deve ser pela gente e não pela sua sexualidade. Cada um experimenta o corpo como quer.

Como tantos outros leitores de Harry Potter e, sobretudo os pertencentes à comunidade LGBT, as palavras da autora machucam e denotam uma profunda ignorância da sua parte. Ao meu ver, a comunidade LGBT veio para mostrar algo que é muito difícil para uma sociedade arcaica na qual vivemos: essa questão de sexo e gênero não cabe mais no nosso mundo, na nossa mentalidade. Na espiritualidade chinesa, existem mais de vinte nuances sexuais, mas porque vivemos num mundo binário, as pessoas simplesmente não aceitam. 

Parte-me o coração ver que ela se colocou numa situação assim. Porque a verdade é que ninguém a colocou nessa enrascada; ela entrou no buraco sozinha. A JK é uma personalidade influente e deve ter atenção com o que fala, mesmo se as vezes a gente é tão submergido que não se dá conta dos nossos próprios demônios até eles se mostrarem para todos. 

Eu confesso que, pensando no assunto, não achei que uma antiga estudante de literatura, professora de francês, consagrada cavaleira da Ordem Nacional da Legião de Honra francesa, autora bilionária poderia mostrar essa ignorância, mas ela é humana. É difícil mas necessário reconhecer no nosso modelo de referência uma falha assim. A JK sempre foi um modelo para mim, como eu acredito para muitos inclusive membros da comunidade que se sentiram traídos pelas suas palavras. Como escritora, eu sempre me espelhei na história de vida bem como em tudo pelo que ela passou até virar autora e os livros que ela escreveu me renderam bons momentos. 

Isso posto, acho que vale lembrar que a JK é de uma outra geração, a mesma que não consegue entender certos paradigmas que devem cair por terra porque o mundo mudou e os sinais de mudança urgem claramente.

Última ressalva necessária, que vai ao encontro do que digo: a última notícia que eu tive do assunto foi que o pessoal estava ameaçando a autora e que revelaram o seu endereço em local público. Isso tampouco é certo. A violência nunca é o caminho.

E com toda a minha simpatia pela comunidade LGBT, com todo meu suporte e o meu respeito (ainda nos dias de hoje é preciso muita coragem e eu espero que isso mude logo), eu encerro esse artigo agradecendo-lhes por me fazer notar que a JK deve ficar no passado. Para você que leu até o final, eu quero aproveitar a ocasião para deixar um presentinho. O meu livro Mandala de Fogo foi pensado para a comunidade LGBT e eu lhe ofereço com uma capa pensada com amor a cada membro dessa comunidade.

Eu vi que vai sair um novo filme sobre a vida do Dumbledore e, acho que a maioria sabe, esse é um personagem homossexual, que tinha um caso com Grindelwald. Esperemos para ver como é que a JK vai sair dessa!