Apesar do florescimento dos livros e do mercado livresco em geral, a profissão do autor permanece no crepúsculo. Não está claro todavia, para aqueles que vêem de fora, alguns aspectos. Recebendo este tipo de pergunta nos fóruns nos quais sou ativa, eu criei esse artigo para responder às perguntas centrais e comuns.
- Um escritor/autor faz o que além de escrever o dia todo?
Sobretudo o autor independente deve vestir muitos uniformes. O primeiro é, sem dúvida, o mais importante para uma pessoa que deseja viver da escrita: escritor. De fato, o dia-a-dia de um autor deve ser organizado em prioridade ao redor da tarefa de escrever. Existe um livro chamado A única coisa cuja leitura eu recomendo a todos os autores aspirantes e escritores já lançados, e que estão em busca de uma existência digna de sua arte. Este livro fala que uma pessoa deve concentrar todos os seus esforços numa única coisa antes de passar para a outra. Isso porque não se pode concentrar a totalidade da nossa energia, concentração e atenção em muitas coisas ao mesmo tempo e de maneira igual. Sempre haverá um desequilíbrio que é saudável. Quer ser escritor, concentre-se em escrever, sem dispersar. E essa única coisa deve ser a sua prioridade. Por esse motivo, para a maioria dos escritores, a escrita acontece de manhã, quando a concentração ainda está na sua melhor forma. A concentração e a energia criativas tampouco são inesgotáveis. Essa resposta nos leva à segunda pergunta.
- Como se organiza o dia-a-dia de um escritor?
Cabe a cada autor identificar um padrão para organizar o seu dia, mas a atividade da escrita não deve ficar de fora de um dia de trabalho. Um escritor é escritor e se no seu dia-a-dia profissional ele não encontra tempo para escrever, há um problema.
Um autor publicado tanto de maneira independente quanto pelas editoras, deve ademais de escrever, gerenciar a sua atividade do ponto de vista de um negócio comercial. Para o auto-publicado, isso significa: marketing, edição, diagramação, revisão, publicação, distribuição.
Ainda que os autores tradicionalmente publicados não tenham que se preocupar com edição, diagramação de livros, preço, etc. uma coisa é fato: a não ser que o autor já tenha um portfólio e seja conhecido, mesmo no mundo da publicação tradicional, as editoras esperam do autor de pequeno a médio porte que ele faça a sua promoção. Mesmo os grandes nomes como Guillaume Musso, JK Rowling, King têm redes sociais para anunciar o seu novo livro saindo. Por esse motivo, dizer que a profissão de autor é escrever o dia todo é de uma profunda ignorância e cabe aos autores de profissão educar não somente os confrades que não sabem mas também as pessoas de fora do universo da publicação.
- De onde vem o dinheiro?
Majoritariamente da venda de livros. Eu não vou mentir: é preciso vender muito para ter uma renda estável. Mas uma vez o livro tendo se forjado uma reputação, ele se torna uma fonte de renda passiva. Por isso, é importante, sobretudo se você vende na Amazon, colocar o seu livro no ranking dos mais vendidos. No Brasil, idealmente entre os 100 mais vendidos. Quanto mais você puder colocá-lo próximo ao ranking dos mais vendidos, mais a inteligência artificial do algoritmo da Amazon vai colocá-lo na frente dos possíveis compradores. A primeira niche do escritor de ficção, portanto, é a dos leitores.
O autor de sucesso, contudo, passa a atrair um outro tipo de nicho explorável: o de autores que almejam se constituir uma existência dessa profissão. E muitos autores também escrevem livros de não ficção para esse tipo de nicho. Cabe a você ver o que você quer fazer.
- É possível ganhar dinheiro com essa profissão? Viver dela?
Não somente é possível quanto muitas pessoas ganham e muito bem a vida fazendo o que amam: escrever. Acho que exemplos falam por si mesmo. Os publicados tradicionalmente: JK Rowling, Guillaume Musso, Stephen King, EL James, Mark Manson com o seu best-seller A sutil arte de ligar o foda-se, Danielle Steel, Nora Roberts, Dan Brown…
Aqui alguns dos auto-publicados: Joanna Penn, Jupiter Phaeton, Chris Fox… Estes são os que ganham em média 20000 euros por mês com a auto-publicação.
- Contar histórias merece mérito? Pode ser reconhecida como profissão?
Vejamos, como responder essa pergunta? Num mundo onde canais como Youtube, Netflix, Amazon Prime, Apple TV e tantos outros dobram de tamanho com os anos e com as pandemias, eu diria que a tendência é muito clara. Cada vez mais pessoas querem contar histórias e serem reconhecidas por isso. Tire as suas próprias conclusões se a profissão merece ou não reconhecimento.
Pois, estas foram as perguntas mais comuns que eu recebi. Ser você tiver uma pergunta, coloque aqui nos comentários, envie-me um e-mail ou mesmo um WhatsApp (eu respondo todo mundo que me escreve).
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O autor mais se parece com bombril 1001 utilidades, deveres.
Hahahha fato!!!
E ainda há quem diga que é fácil, só sentar e escrever.
Pois é Gab. É só a ponta do iceberg 💚