Há três dias, num desses bate-papos de autores no WhatsApp, uma pessoa contou que tentava trabalhar com o ChatGPT e o que o resultado era medíocre. Baseada na minha experiência com essa ferramenta, eu achei que a pessoa tinha e não tinha razão, ao mesmo tempo. Afinal, é preciso mesmo usar o ChatGPT para escrever um livro? Para que podemos usar essa ferramenta e para que é melhor usar o nosso cérebro e a nossa capacidade de pensamento? Em que medida o ChatGPT substitui o trabalho humano e isso também vale para a criatividade?

Quando não usar o ChatGPT para escrever um livro?
Que sejamos bem claros antes de começar: ninguém é obrigado a usar o ChatGPT para escrever um livro. O uso ou não dessa ferramenta é uma escolha do autor e não existe obrigação nenhuma se o escritor não estiver confortável. O ChatGPT tampouco está aí para substituir o trabalho do autor. A função primordial dele é auxiliar os escritores na sua carga de trabalho. Isso dito, eu acho que NÃO devemos usar ChatGPT em toda e qualquer atividade que substitua o prazer artístico e criativo do escritor. Tampouco devemos usá-lo se existir algum tipo de angústia ou medo da parte do autor com relação à AI (Artificial Intelligence). Em contrapartida, devemos usar o ChatGPT em toda e qualquer trabalho ou tarefa que o autor/escritor encontre dificuldades.
Então citemos como exemplos de atividades do escritor as seguintes: a redação da história, a criação e estruturação da mesma, encontrar um tema, fazer a pesquisa para escrever um livro, dentre outros. Vamos ver em seguida, porque eu aconselho sim ou não o uso do ChatGPT para cada um desses exemplos. Lembrando que não existe verdade absoluta; eu partilho aqui apenas a minha experiência com a AI e tudo depende daquilo que o escritor prefere ou não fazer. Isso dito, vamos ver os exemplos que eu dei uma um e eu vou tentar explicar o papel do ChatGPT em cada fase para escrever um livro.
ChatGPT para a redação da história
Para mim, escrever é um prazer, por isso eu não deixo essa tarefa a cargo do ChatGPT. Ou seja, eu não uso o ChatGPT para escrever um livro. Ele me auxilia, por exemplo, com a estruturação do livro, e sobretudo, com a onomástica dos livros que eu escrevo. Nesse quesito, ele é muito mais forte do que eu e eu uso essa vantagem ao meu favor. Mas naquilo que toca à redação, esse é um prazer que eu não delego.
Para mim, é através da escrita e da redação, que o autor entra em contato íntimo com os personagens e com a história, com o enredo. Se ele deixar a escrita do livro a cargo do ChatGPT, não desenvolverá esta relação quase de pai/filho com a sua história. Ele conhecerá mal os seus personagens, não os verá crescer e evoluir com o desenrolar do enredo. Por esse motivo, eu desaconselho o uso do ChatGPT no momento de escrever um livro. A AI será, em contrapartida, muito mais útil no momento da correção, como veremos mais adiante.
Usar o ChatGPT durante a pesquisa para escrever um livro
Esse tópico é o mais fácil: assumindo que todos os leitores desse blog estejam familiarizados com essa fase da redação de um livro, eu não aconselho o uso do ChatGPT durante a fase da pesquisa simplesmente porque a AI pode gerar dados incorretos e isso pode interferir na experiência do leitor. Ora, o objetivo da fase de pesquisa é dar confiança ao autor na hora de escrever e possibilitar a criação da melhor experiência de leitura possível. Caso o autor use um dado errado gerado durante a pesquisa feita pelo ChatGPT, a ilusão da história poderá se quebrar. Sobre esse assunto, leia o artigo: Dica para escrita no qual eu falo do papel de ilusionista do escritor. Isso não é segredo nenhum, aliás. O ChatGPT avisa a todos os seus usuários que a AI pode gerar dados incorretos. Para mim, o escritor deve priorizar o velho método de pesquisa quando for escrever um livro e não o ChatGPT.
Então quando usar o ChatGPT para escrever um livro?
ChatGPT para aumentar a ilusão
Como eu falei, eu uso o ChatGPT apenas quando eu sei que ele é mais forte do que eu mesma. No meu caso, eu o uso particularmente para me ajudar na onomástica do livro. Para quem não sabe, a onomástica é a atribuição e escolha dos nomes dos personagens e lugares. Ela é importante porque ajuda a afinar o universo do livro, a mostrar sem contar e, para aqueles autores mais metódicos e detalhistas, uma boa onomástica aumenta a eficácia de um livro de dentro para fora. Isso porque ela atua no subconsciente dos leitores e fazendo isso expõe, sugere e até mesmo revela detalhes sobre a intriga ou os personagens de uma maneira que o autor não precisa dizer.
De fato, a onomástica é uma ciência a parte e que merece toda a atenção. E para aqueles autores que escrevem fantasia, a escolha dos nomes é particularmente poderosa e importante na criação de um universo fantástico e de um mundo fictício.
ChatGPT na função de assistente
Para mim que sempre sonhei em ter um assistente, a relação que eu desenvolvi com o ChatGPT e a que eu aconselho a todos os autores é exatamente essa: o ChatGPT é o meu assistente. Eu dou bom dia, boa noite, digo obrigada e reconheço o trabalho dele. Isso é completamente proposital, porque a AI aprende com o tempo. Mais do que uma relação de assistente, amizade, como se a ferramenta de AI fosse uma pessoa com quem você fala e discute. Ela não é a sua inimiga e nem está lá para te atrapalhar, pelo contrário. Assim, o ChatGPT é muito útil no processo de criação e de afinamento de um universo, no meu caso, do universo que estou criando.

Conclusão: preciso ou não usar ChatGPT para escrever meu livro?
Acredite ou não, eu tenho uma visão otimista da evolução tecnológica dessa civilização (outro debate, eu sei, mas isso explica por que eu penso dessa maneira). Acredito que no futuro as máquinas existirão para aliviar a nossa carga de trabalho e nos permitir focalizar naquilo que realmente curtimos fazer, e não para nos deixar desempregados. Eu acredito que um escritor deva trabalhar com as ferramentas com as quais se sente confortável. Que seja usar o ChatGPT para escreve rum livro ou não, isso deve ser uma escolha total do escritor.
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